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Foto do escritorEmmanuel Prado

Distância



Eu desejei por tempo muito

Que minhas lágrimas fossem breves

Não durassem mais que dois minutos

E que nos meus olhos fossem leves

Sinto que pouco ainda mudou em mim

E elas continuam a correr do mesmo modo

Como se os dias não passassem e assim

O mesmo gosto de sal em que me afogo

Como sonhos que me pesam o peito

E me desesperam quando me acordo

Sonhos que de medos preenchem o leito

Monstros de ternura me cercam, tão logo

Caia a noite, esta sem doçura no luar

Como se fosse feita para eu poetizar

Mas meu mundinho tão zeloso e calado

Se dói quando o tenho aos poucos revelado

Simples seria ser como um novelo de lã

A desenrolar os olhos como uma tecitura

E não essa tristeza debruçada em meu divã

Para sempre afogar-me em minha ternura

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